segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Identidade em Jogo

Relato meados de coisas que se misturam no meu coração – coração de homem, de ser, de pessoa – que, vez por outra, norteiam minha demência Cristã, colocando em jogo anos de investimento e alertas antes perdidos ou talvez nunca mensurados.

Reconheço loucura, imprudência e prudência, sabedoria, ignorância, lembranças e inteligência, pecados, esperanças e medos, temores e confianças, açoites, carisma, podridão, paixão, perdão, verdades e mentiras, apreços, carências, conhecimentos e omissões. Nada incomum na vida de qualquer um debaixo do sol.

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Quando paro pra pensar sobre mim admito que pelo o que conheço sobre esse ser misterioso, carinhosamente ou repugnantemente chamado de “eu”, ele nunca deveria existir com o intuito de adorar a Deus com o que é, como Ele o criou para fazê-lo.

Há duas semanas eu me senti FORA DO CÉU!

Depois que saí da igreja muita coisa mudou em minha vida. Muitos amigos que eu achava que eram tão chegados quanto eu gostaria que fossem se dispersaram e se perderam de mim meio à fofocas e indagações sobre a minha atitude anti-social. Alguns até conseguem disfarçar que está tudo bem quanto ao que vêm em mim e sobre mim, mas eu deveria ser mesmo psicólogo, porque consigo enxergar atrás das máscaras desses.

Por alguns instantes, vez por outra, entro em crise e perco minha identidade!

Os domingos nunca mais foram os mesmos, desde o amanhecer. Já acordo tendo que ver minha esposa se arrumando para ir à tão aclamada Escola Bíblica Dominical, calada, querendo não ir também, mas se esforçando para continuar parecendo o que eles querem que ela pareça. Depois, mais ao anoitecer, tenho que aceitar que não temos mais as noites de domingo para vivermos como casal, fazendo um programa qualquer, porque ela tem que ir pra igreja, ostentar outros relacionamentos que se julgam mais importantes que o mundo inteiro. E assim, fico perdido aqui. As vezes choro. As vezes tento não pensar em nada. E é nessas horas que acabo escrevendo o que não paro de pensar.

Analiso as várias noites, aliás, todas as noites de domingo que dedicamos juntos ao brilho de um “culto” na igreja. E percebo que quase nunca tínhamos essas noites de casal; porque sempre brigávamos na hora de sair de casa por causa do horário e chegávamos lá como estátuas, sem conversa, pasmos, e quase sempre brigávamos por causa de quem ia ministrar o louvor ou quem escolheria as quatro ou cinco músicas que pediam o ritual, e como se não bastasse, rotineiramente discutíamos depois do louvor porque minha esposa ficava nervosa enquanto ministrava, por qualquer motivo, desde um microfone alto demais até um tom mais difícil de ser entoado. Raramente estávamos curtindo uma noite familiar.

Com tantas dores reprimidas pareço sempre muito tranqüilo e manso, mas isso consegue me tirar a paz continuamente. Não porque me vêm como um réu do inferno, mas porque tudo isso me força a ter medo de que a graça de Deus não seja o bastante para mim e para ninguém. Aliás, chego a pensar então em como obter a salvação. Porque sou levado a acreditar que a salvação é uma conquista e não uma dádiva, um presente. E quando olho pra dentro de mim, levando em conta o que têm me passado de amor, eu penso: “Se é assim, ai de todos nessa Terra!”.

Eu era amado quando era aceito. E não consigo entender porque a aceitação tem que gerar amor, se o amor é quem dissipa as fronteiras.

Minha oração ultimamente tem sido para que Deus me dê uma identidade. Uma identidade que reflita o que sou para Ele. Um nome novo, porque tenho sonhado com uma vida nova e abuntante como eu nunca tive. Eu quero ser um “homem de Deus” e não um “fanático protestante”, como devem ser os que querem ser salvos.

É minha identidade que está em jogo.


Lindoélio em O's Lázaro's.
Tomei a pilula vermelha

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