segunda-feira, 30 de maio de 2011

Jesus assumiu o risco de ser esquecido!

 
 Às vezes penso como o mundo seria diferente se Jesus não tivesse ressuscitado dos mortos. Embora os discípulos não tivessem arriscado a vida alardeando uma nova fé pelas ruas de Jerusalém, não o teriam também esquecido. Eles haviam dado três anos a Jesus. Ele podia não ser o Messias, mas ele os havia impressionado como o mestre mais sábio que já existira e havia demonstrado poderes que ninguém podia explicar.
 
Depois de certo tempo, quando os ferimentos emocionais começassem a sarar, os discípulos buscariam um jeito de perpetuar Jesus. Talvez reunissem seus sermões em forma escrita, de maneira parecida com um dos nossos evangelhos, embora com as reivindicações mais sensacionais excluídas. Ou, junto com os judeus daquele período que honravam outros profetas-mártires, poderiam construir um monumento à vida de Jesus. Nesse caso, nós, os que vivemos nos tempos atuais, ainda poderíamos visitar esse monumento e aprender a cerca do filósofo-carpinteiro de Nazaré. Poderíamos peneirar suas palavras, levando em conta ou deixando de lado o que quiséssemos. No mundo inteiro, Jesus seria respeitado como Confúcio ou Sócrates são respeitados.
Em muitos aspectos eu acharia mais fácil aceitar um Jesus não ressurreto. Sem a ressureição eu acharia uma tragédia Jesus morrer jovem depois de alguns poucos anos de ministério. Que desperdício partir tão cedo, tendo influenciado tão pouca gente numa pequena parte do mundo! Mas, observando essa mesma vida pelo ângulo da ressureição, vejo que esse foi o plano de Jesus o tempo todo. Ele ficou o suficiente para reunir ao redor de si os discípulos que poderiam transmitir a mensagem aos outros. Matar Jesus, diz Walter Wink, foi como tentar destruir um dente-de-leão assoprando nele.
Nada agradou Jesus mais do que os sucessos dos seus discípulos; nada o perturbou mais do que seus fracassos. Ele viera a terra com o alvo de partir novamente, depois de transferir sua missão aos outros.
Como Jesus se sentiu quando teve a visão penetrante das terríveis consequências do que liberou no mundo, não apenas para ele mesmo, mas também para os poucos achegados a ele, seus melhores amigos em todo o mundo? "Um irmão entregará à morte outro irmão, e o pai ao filho [...]E odiados por todos sereis por causa do meu nome..."
Seria demais dizer que, desde a ascensão, Jesus tem procurado outros corpos para iniciar de novo a vida que viveu na terra? A igreja serve como extensão da encarnação, que foi o primeiro jeito de Deus estabelecer sua presença no mundo. Somos “pós-Cristos”, na cunhagem de Gerard Manley Hopkins: "... pois Cristo se apresenta em dez mil lugares, belo nos olhos, e belo no corpo, não o dele, agradável ao Pai nos humanos olhares."
A igreja está onde Deus mora. O que Jesus trouxe para alguns, a igreja pode agora trazer a todos. Esse foi o desafio que Jesus deu exatamente antes de se desvanecer diante dos olhos dos discípulos entorpecidos. "Se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer", explicara antes, "fica só. Mas se morrer, produz muito fruto". A propagação pelo método do dente-de-leão.
Mas... se Jesus permanecesse na terra, poderia responder às nossas perguntas, resolver nossas dúvidas, mediar nossas disputas de doutrina e política. É muito mais fácil aceitar o fato de Deus encarnando em Jesus de Nazaré do que nas pessoas que frequentam uma igreja. Porém, é nisso que nos pedem para crer; é assim que nos pedem que vivamos. Jesus desempenhou o seu papel e depois partiu. Agora é a nossa vez.
Vivemos num mundo de postes, telefones e máquinas, e a realidade desse universo material tende a sobrepujar a nossa fé num universo espiritual que paira sobre tudo. Jesus assumiu o risco de ser esquecido e cabe a nós não deixar que isso aconteça.
Philip Yancey
(Texto adptado e extraído do Livro “O Jesus Que Eu Nunca Conheci”)

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