sexta-feira, 14 de janeiro de 2011

O Amor Prova a Espiritualidade

Nestes dias tenho pensado sobre os essenciais do Cristianismo. Estou convicto que os periféricos da vida e ministério podem facilmente nos desviar de praticarmos um Cristianismo bíblico e simples, fazendo com que nossa atenção, energias, dons e relacionamentos se desgastem nas notas de rodapé de uma religiosidade quase vazia. Há diversos essenciais na vida Cristã. Um deles é o amor.
Preocupo-me quando apregoamos uma verdadeira espiritualidade, mas não amamos. Quando a Igreja não consegue chorar com os que choram ou quando nossos relacionamentos vão se tornando cada vez menos sinceros e mais utilitários. Preocupo-me quando o mundo age com mais graça e misericórdia com o caído do que o povo de Deus o faz. Preocupo-me quando a Igreja passa a definir sua experiência de fé a partir de seus ajuntamentos solenes e não dos seus relacionamentos diários. Preocupo-me quando não amamos.

O amor é um marcador de nossa identidade Cristã. Somos dEle quando buscamos amar. Minha vida em Cristo é definida pela presença do amor que não apenas é essencial como também é automanifesto. Para nosso temor e tremor o Espírito descreve no capítulo 13 da primeira carta aos Coríntios que o amor é perceptível, ou seja, ele deixa marcas. Ele é prático, notável e visível. Ele é paciente, esperando pela hora oportuna para o outro. É benigno, fazendo com que a dor do vizinho seja também a nossa. Não arde em ciúmes, portanto evita comparações e se nega a criticar o próximo. Torna-se, assim, impossível amar sem que as marcas do amor sejam vistas pelos que passam pela mesma estrada que nós.
Precisamos amar o próximo o mínimo para não criticá-lo. Este próximo, o outro, diferente de nós, é nossa base de testes, o cenário onde devemos aprender a praticar o ato mais sublime que vem do Pai, e somente dEle.
O amor também nos conduz à missão. Somos todos certamente capazes de apregoar os fundamentos da missão e expor com clareza o conceito de sua integralidade. Mas sem amar continuaremos passando ao largo perante o caído ao longo do caminho, que sofre, e virando o rosto aos que ainda não ouviram de Jesus. Seremos, assim, cristãos de gabinete escrevendo sobre o que não experimentamos, ou cristãos pragmáticos fazendo o que é certo pelos motivos errados, sem amor.
Lutero, citado por Mahaney em seu livro “Glory do Glory”, nos disse que “esta vida, portanto, não é justiça, mas crescimento em justiça. Não é saúde, mas cura. Não é ser, mas se tornar. Não é descansar, mas exercitar. Ainda não somos o que seremos, mas estamos crescendo nesta direção. O processo ainda não está terminado, mas vai prosseguindo. Não é o final, mas é a estrada. Todas as coisas ainda não brilham em glória, mas todas as coisas vão sendo purificadas”.

Ronaldo Lidório
(Texto adaptado e extraído do Site da IPB)


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