terça-feira, 14 de abril de 2009

UTI: Monitorando o coração desta geração


Faz quase dois anos que meu melhor amigo Chris sofreu o acidente que o deixou incapacitado numa cama. Eu passei a maior parte de 20 dias nos Estados Unidos dormindo numa cadeira, ao lado da cama dele no hospital. Eu mal dormi, porque tinha uma tarefa. Tinha que ficar prestando atenção na máquina que media as batidas do coração dele. Ela tinha que ficar entre 80 e 120 batidas por minuto. Então eu fiquei lá escutando o “bip, bip, bip” com medo de que ele acelerasse demais. Se isso acontecesse Chris poderia ter um ataque cardíaco, como antes, e morrer. Meu outro medo era escutar o “buuuuuuuuuuuuuuuuuuu”, o som de que ele já estava morto. Qualquer um dos dois seria ruim, então eu fiquei lá lutando contra o sono pois senti que a vida dele dependia da minha atenção, me esquecendo de que as enfermeiras também tinham uma máquina na estação delas monitorando a condição dele. Mas ainda assim, eu senti o peso, porque eu conhecia aquele cara, tinha andado com ele, tinha visto as suas atitudes e eu sabia do seu potencial. E posso dizer que a perda dele é umas das grandes perdas que esse mundo sofreu nos últimos anos. Ele realmente era um homem de Deus.

Hoje eu me acho num lugar em que me sinto como se fosse a UTI do céu, mas dessa vez ao lado da cama desta geração. Ela não morreu ainda, mas está bem doente e a qualquer momento pode ter uma crise que resultará na morte dela. E aqui, estou ouvindo mais uma vez o “bip, bip, bip”. Não é onde eu quero estar. Eu gostaria de estar lá fora com essa geração, andando junto e vendo ela fazer coisas grandes pelo Senhor. Não é minha culpa que ela esteja do jeito que está. Mas ainda assim, eu sinto uma responsabilidade de ficar do lado dela vigiando, orando e implorando a Deus por um milagre. Mas até agora, nada. Somente o “bip, bip, bip” da máquina.

Sei que num é nada do que a galera quer ouvir ou reconhecer, e isso me deixa num lugar desconfortável. Eu prefiro ser o “titio” que traz bombons, brinca de bola na praça, compra chocolate bem antes do almoço deixando sua mãe doida comigo e parecendo um herói para você. Isso eu que quero ser, mas o meu dilema é que tudo isso num passaria de uma ilusão, um show feito com fumaça e espelhos. Eu gostaria de me juntar com aqueles gritando pelos “quatro cantos” que o Brasil está em avivamento e que esses “sinais”(pessoas) brilhantes achados nos palcos são “de Deus”, mas eu não posso. A minha consciência me impede de mentir, e assim eu fico confrontado com a decisão de me calar e sumir, ou encarar e falar... eu escolhi falar.

Posso dizer que amo Brasil tanto quanto a minha terra natal. Isso é verdade, mas uma coisa me perturba aqui, a quantidade de papo furado que sai das bocas dos crentes dessa nação. Pelo amor de Deus!!! Será que ninguém realmente sente o que fala? Será que ninguém percebe a frequência que mente? Todo mundo fala em mudança sem mudar. Fala em santidade e vive pecando. Fala em amor a Deus, mas se entrega aos braços deste mundo. Fala em revolução, mas ninguém se revolta. Em outras palvras mentem. Brasil é um pais de crentes mentirosos. Falam muito e não cumprem nada do que foi prometido. E pode crer que eu não sou o único perecebendo isso. Aquele para O qual você promete tudo não fica nenhum pouco impressionado com suas promessas vazias, suas lágrimas manufaturadas para efeito, a mudança na sua voz querendo demonstrar sua sinceridade, em fim, suas mentiras.

Se alguém falasse para você o que você fala para Deus, prometendo o mundo mas não fazendo nada do que prometeu, você não teria nenhuma coisa boa para falar sobre essa pessoa. Mas você??? O que fazer quando o mentiroso é você? Eu sei, você está começando se irritar e querendo saber qual é meu problema, por que eu não escrevo artigos sobre as coisas boas que a igreja está fazendo hoje, como se tivesse algo para se escrever. Por favor, acorde e pare de mudar o assunto. Nós não estamos falando do meu “problema” como está sendo declarado por alguns, mas sim, do seu problema de falar muito, de prometer muito e não cumprir sua palavra, algo que é historicamente conhecido como uma mentira. Se o “povo de Deus” no Brasil fizesse 2% de tudo que fala e promete a Deus, a gente impactaria a nação dentro de um ano. É ai que nós achamos o problema e o motivo da falta de influência na nossa nação; temos um povo que adora Deus com suas bocas, mas seus corações estão longes Dele.

Eu acho que as mentiras mais perigosas hoje em dia não são as promessas quebradas a Deus, mas sim, insisitir em “profetizar” sobre essa geração, nomeando coisas grandiosas quando deveríamos estar alertando que sua hora está passando, “bip, bip, bip”, e que ela não tem feito nada além de realizar muitas conferências de oba-oba gospel, “vamos escrever a história de Deus nessa nação”. Bacana essa idéia, mas ela não sai do papél, ou melhor, do portão do acampamento.

Até quando nós vamos insistir em chamar essa geração de algo do tipo “geração profética”, “geração santa” ou “a geração que vai marcar o mundo”? Até quando vamos insitir em falar que ela está saudável enquanto estamos sentados ao lado da cama dela na UTI com nossos olhos grudados nas máquinas?
Talvez isso seja algo um pouco pessoal para mim, pois eu tenho acreditado nessa geração, tenho visto um potencial louco, e tenho sofrido com cada falha sua, cada vez que você abriu mão do seu chamado em busca da honra nesse mundo, diplomas, cargos e dinheiro. Tenho chorado com muitos de vocês que fizeram pactos, votos de santidade com Deus e que acabavam caindo nos seus namoros não tão santos. Eu falo como amigo, como pai, como alguém que daria sua vida para ver essa geração finalmente, no minuto 89 do jogo, se levantar do seu leito e fazer alguma coisa. Mas até quando nós vamos continuar com esse papo de que essa geração vai fazer algo enquanto já faz quase 10 anos que estamos falando, e todas as palavras tem caído sobre os ouvidos fechados de jovens “surdos” e desinteressados em impactar suas próprias vidas, sem mencionar a nação.

A triste verdade é que a hora dessa geração está passando, por mais que ela queira negar, chutar e brigar com qualquer um que tem a coragem de se levantar contra ela e sua unção de sofá. Essa geração fracassou. Tempo e fruto (ou falta de) falam bem mais alto do que os gritos de latas vazias que ecoam todo sábado à noite nos cultos (vazios) de jovens. “Nós vamos alcançar o mundo!”. É o grito para ser respondido com o grito de “vitória” dos poucos fiéis que ainda sobram no local. Até quando nós vamos continuar com essa ilusão? Essa geração não vai se lavantar. Deus vai levantar uma outra. Sinto muito, mas não adianta nada a gente continuar insistindo nisso. Eu também acreditava muito no chamado dessa geração. Ainda creio que alguns vão fazer história, mas falar da geração como um todo é perda de tempo e uma mentira. Pode crer, essa geração como um todo foi chamada e escolhida. A fato dela não responder ou tomar atitude não nega o fato do chamado. Deus chamou essa geração e ela fez o papel do primeiro filho na párabola de Mt. 21 que falou que iria trabalhar na vinha do pai, mas não foi.

Eu me lembro bem quando Deus começou chamar essa geração que agora está cheia de pessoas com 25 anos de idade pra cima, casadas e com filhos. Eu me lembro das conferências lotadas de jovens desesperados por Deus. Eles choravam, berravam, gritavam para que Deus viesse e fizesse algo sobrenatural e os levasse para os fins da terra para pregar o Seu evangelho, ou até mesmo perder sua vida por Ele. Puxa, esses eram os dias!!! Me lembro de olhar para aquela cena com tanta expectativa, sonhando e acreditando. Mas... eles não foram. Eles sonhavam, uns até planejavam, mas poucos foram e menos ainda influenciaram qualquer coisa. O potencial estava ali, mas potencial não realizado não é nada.

Meu pai tinha um QI de 180. Um homem cheio de potencial. Mas, quando ele morreu há 9 anos atrás, a legado que ele deixou incluiu vários divórcios e famílias destruídas, tudo fruto de uma vida entregue ao álcool devido umas decepções na vida com o governo dos EUA e as pessoas. E em vez de encarar os desafios da vida e fazer tudo que ele podia para realizar seu potencial, ele tentou se afogar numa garrafa de whisk e com 53 anos de idade finalmente conseguiu se matar, vítima das próprias mãos, suicídio. Não estou querendo fazer uma comparação do suicídio do meu pai com essa geração, mas quero apontar o fato de que meu pai naturalmente tinha muito mais potencial do que 98% da população do mundo segundo o QI dele. A verdade é que o cara era brilhante, mais ele nunca reconheceu isso e o fruto da vida dele mostra isso.

Essa geração tinha potencial e foi chamada. Mas, existe algo no responder e agir que ficou faltando. As luzes desse mundo brilhavam demais. A atração e a possabilidade de ter tudo que essse mundo oferece juntando com a direção pais e líderes confusos, levou essa geração a pensar que podia ter tudo aqui e no fim ainda acabar fazendo algo grande por Deus. Que engano. Que decepção. Que tristeza quando consideramos o fato de que a maioria ainda vive repetindo o mantra dessa geração que vai influenciar o mundo. Se acorda e cheira o café, isso não vai acontecer. O mais doido e triste é que essa geração é tão influenciado que ela brigará com você se falar contra a trajetória das suas vidas, seus vestibulares, suas faculdades, suas profissões, como se fosse algo desginado por Deus.

A verdade é que essa geração se vendeu e Deus vai precisar levantar uma outra geração. A minha esperança é que essa nova seja diferente do que a atual. Ver alguém sem potencial fracassar não deixa ninguém frustrado, mas quando alguém de alto potencial fracassa e por conta própria, todo mundo fica frustrado. Quem lembra da seleção de 1998 que foi a França??? Nada podia impedir eles de ganhar a copa, se não eles mesmos e isso foi exatamente o que aconteceu. Nosso time lotado dos melhores jogadores do mundo achou uma maneira de perder (se vender diríam alguns) a final para o time de casa, França, a qual ninguém esperava nada. França??? Pelo o amor de Deus, a coisa de maior destaque que ela trouxe ao mundo foi uma torre torta. Mas, nossos jogadores cheios de potencial perderam e perderam feio; a França bateu o Brasil por 3 a 0. Isso nós chamamos de potencial desperdiçado. E essa é a única marca que essa geração tem deixado nesse mundo... até agora.

Até agora! “Bip, bip, bip”. Até agora! Isso quer dizer que o jogo ainda não acabou. Ainda há esperança que alguns dessa geração se levantem com atitude e parem de mentir, desculpe, “prometer”, ao Pai que vão para o campo trabalhar e realmente vão. Há esperança para alguns dessa geração que estão cansados dessas mensagens doces, puxa saco, que não fazem sentido mais. Que ao invés de ficar ouvindo as palavras de ontem farão algo hoje. Ainde existe esperança de que a próxima geração vai ver as vidas dos pouco compromissados, dessa geração, com o Senhor e serem influenciados a fazer o que era para ser feito por essa geração. Ainda existe esperança e assim eu me deito no meu travaseiro e durmo, sei que está fora das minhas mãos e sei que ainda existe esperança.

Meu sonho é acordar e me achar sozinho no quarto desesperado para saber o que aconteceu com você, e ser informado por uma enfermeira que você acabou de sair porque alguém estava te chamando, alguém que tem uma voz como trovão. E que dessa vez você respondeu ao chamado dele. Esse é meu sonho, meu desejo pra você. Acorde meu amigo, saia da sua cama, a hora já está avançada, o mundo está acabando, Jesus está voltado e a ira de Deus está vindo. “Bip, bip, bip”.

Jeff

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