quarta-feira, 28 de abril de 2010

Melhor sabe da graça quem melhor sabe da queda

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Paulo disse que onde abundou o pecado superabundou a Graça.

Jesus disse que a pecadora que invadira o jantar que lhe fora oferecido por Simão, o fariseu, e que se jogara diante Dele… beijando-lhe os pés e enxugando-os com seus próprios cabelos…amava mais porque muito mais se sabia perdoada que a maioria naquele lugar — na casa de Simão o fariseu.

A mulher conhecia o pecado como pratica observável no comportamento externo e suas conseqüências interiores…no ser.

Paulo, todavia, sentia igual ou maior gratidão, sem ter jamais feito nada que aos sentidos exteriores pudesse ser reprovado.
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“Eu sou o principal pecador”—disse ele.
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É neste ponto que o entendimento cristão das coisas se confunde.

Tem gente que pensa que conhece o pecado porque odeia os pecadores.

Há pessoas que pensam que conhecem o pecado porque já pecaram muito os pecados que são odiados pelos que julgam saberem o que é pecado.

Paulo sabia o que era pecado sem poder ser acusado de nenhum ato ignominioso.

Por que?

Leia Romanos 7 e veja como ele se enxergava.

Ao final daquele exercício de auto-percepção o grito dele é terrível:
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Desventurado homem que sou!
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Romanos 7 é a versão existencial do livro de Eclesiastes; só que concluindo sempre com a esperança da glória de Deus.

Assim como o Eclesiastes tira Deus da vida para que se possa enxergar a vacuidade da existência, assim também Paulo retira a Deus do ser para que se possa enxergar a doença essencial do pecado que habita em mim — para então afirmar a esperança da glória de Deus.

Hoje um amigo que já está casado há mais de trinta anos me disse que casou virgem e que nunca jamais conheceu outra mulher…mas somente a sua esposa.

Fiquei olhando para ele e pensando nisto que agora escrevo.

Por que?

Porque ele é um homem cheio de Graça e misericórdia… apesar de não ter jamais tido que sentir externamente o seu próprio pecar como conduta ou agravo exterior…ou como juízo ou julgamento.
Eu conheço o meu pecado como a pecadora que beijava os pés de Jesus, e também como Paulo, que se sabia o “principal”.

Entretanto, fico mais que feliz sempre que encontro gente que não precisou se arrebentar do lado de fora a fim de se enxergar do lado de dentro.

Afinal, se pecar trouxesse auto-revelação, nós, cristãos, estaríamos iluminados…pois não fazemos outra coisa…especialmente quando julgamos os demais.

Consciência de pecado é revelação.

Sem essa revelação você não discerne quem é…e sem tal percepção você jamais saberá o significado da Graça para você.

O melhor de tudo é que isto prescinde de ter que quebrar a cara… Basta quebrar e quebrantar o coração.
Assim, todo santo tem se sabe profundamente pecador… E todo pecador alcançado pela Graça se saberá cada vez mais pecador.

E isto tudo acontece sem culpose e sem neurose.

A revelação não adoece a alma.

Paulo podia saber do pecado sem ter que pecar como exercício cotidiano de anti-vida.

Mas quem não se enche de misericórdia, freqüentemente tem que quebrar a cara para se enxergar… Não que sempre que assim seja [...] o seja porque assim é…. Posto que haja outras razões boas para o ser se entenda vitimado pela dor de sua própria transgressão.

O que importa é que a Graça jamais seja vã em nossa vida.

E que esse entendimento nos torne misericordiosos.

Assim como Deus em Cristo vos perdoou, assim também perdoai vós.

Era assim que Paulo via as coisas.
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Fonte:Lovesa

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