quarta-feira, 29 de fevereiro de 2012

O cristianismo que criou seu próprio inimigo


Em Notes Towards de Definitions of Culture [Observações sobre as definições de cultura], T. S.  Eliot afirmou que apenas uma cultura cristã poderia produzir um Voltaire ou um Nietzsche. Para explicar essa opinião ele escreveu:

A força dominante na criação de uma cultura comum entre os povos, sendo que cada uma deles possui uma cultura distinta, é a religião. Por favor, a esta altura não cometa o erro de interpretar equivocadamente o significado do que eu digo. Não se trata de uma conversa sobre religião. Não estou afirmando isso para provocar ninguém; estou apenas constatando um fato. Não estou tão preocupado com a atual comunhão dos crentes cristãos; falo sobre a tradição comum do cristianismo, que fez da Europa o que ela é, e sobre os elementos culturais comuns que esse cristianismo em comum trouxe com ele.


Ele prossegue, dizendo:

É no cristianismo que nossas artes se desenvolveram; foi no cristianismo que as leis europeias foram (até recentemente) fundamentadas. É sobre um cenário cristão que todo o nosso pensamento encontra relevância. Um cidadão europeu pode não crer que a fé cristã é verdadeira, ma tudo o que ele diz e faz é resultado de sua herança a cultura cristã, e depende dessa cultura para fazer sentido.
Umas das características mais curiosas dos pensadores seculares de nossa sociedade é que eles adoram os benefícios gerados a partir de uma cosmovisão cristã na formação da cultura, mas, ao mesmo tempo, desejam se libertar dos mesmos conceitos que moldaram sua maneira de pensar. É dentro de uma nação formada a partir de uma mentalidade cristã que valores como liberdade, verdade, autonomia e escolha possuem valor inestimável. Esse ambiente é ideal para o ateu, o secular, o filósofo, o antagonista e até para aqueles que detestam Deus. A liberdade pessoal de casa um para escolher como viver sua vida da maneira que achar apropriada está protegida dentro desse contexto. Eu simplesmente não consigo ver esse tipo de liberdade intelectual dentro do comunismo ou de qualquer outra religião do mundo. Na verdade, é possível dizer que o oposto é verdadeiro: que o poder do éthos* - nascido a partir da fé cristã – influenciou de modo radical as culturas em todo o mundo de uma maneira positiva.

Erwin McManus

em seu livro Uma Força em Movimento

*Éthos (s.m.) 1. conjunto dos costumes e hábitos fundamentais, no âmbito do comportamento (instituições, afazeres etc.)  da cultura (valores, ideias ou crenças), característicos de uma determinada coletividade, época ou região [...] 3. conjunto de valores que permeiam e influenciam uma determinada manifestação (obra, teoria, escola etc.) artística, científica ou filosófica.


Fonte:Solomon

Nenhum comentário:

Postar um comentário